Manuel Bandeira
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A poesia de Bande...
Noturno do Morro do Encanto

Noturno do Morro do Encanto

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il y a 1 an
Um poema de Manuel Bandeira

Este fundo de hotel é um fim de mundo!

Aqui é o silêncio que tem voz. O encanto

Que deu nome a este morro, põe no fundo

De cada coisa o seu cativo canto.

Ouço o tempo, segundo por segundo,

Urdir a lenta eternidade. Enquanto

Fátima ao pó de estrelas sitibundo

Lança a misericórdia do seu manto.

Teu nome é uma lembrança tão antiga,

Que não tem som nem cor, e eu, miserando,

Não sei mais como o ouvir, nem como o diga.

Falta a morte chegar... Ela me espia

Neste instante talvez, mal suspeitando

Que já morri quando o que eu fui morria.

Petrópolis, 21.2.1953


Noturno do Morro do Encanto é um poema de Manuel Bandeira que retrata a solidão e a melancolia de um hotel no fim do mundo. O poeta descreve o silêncio que tem voz e o encanto que dá nome ao morro, revelando a beleza cativa de cada coisa. O tempo é sentid