AH, UM SONETO...
Meu coração é um almirante louco que abandonou a profissão do mar e que vai relembrando pouco a pouco em casa a passear, a passear...
No movimento (eu mesmo me desloco nesta cadeira, só de o imaginar) o mar abandonado fica em foco nos músculos cansados de parar.
Há saudades nas pernas e nos braços. Há saudades no cérebro por fora. Há grandes raivas feitas de cansaços.
Mas – esta é boa! – era do coração que eu falava... e onde diabo estou eu agora com almirante em vez de sensação?...
(publicado na Presença, nº 34, Fevereiro de 1932)