Manuel Bandeira
439 posts
A poesia de Bande...
Plenitude

Plenitude

Mil-Frases

há 1 ano
Um poema de Manuel Bandeira

Vai alto o dia. O sola pino ofusca e vibra.

O ar é como de forja. A força nova e pura

Da vida embriaga e exalta. E eu sinto, fibra a fibra,

Avassalar-me o ser a vontade da cura.

A energia vital que no ventre profundo

Da Terra estuante ofega e penetra as raízes,

Sobe no caule, faz todo galho fecundo

E estala na amplidão das ramadas felizes,

Entra-me como um vinho acre pelas narinas...

Arde-me na garganta... E nas artérias sinto

O bálsamo aromado e quente das resinas

Que vem na exalação de cada terebinto.

O furor de criação dionisíaco estua

No fundo das rechãs, no flanco das montanhas,

E eu absorvo-o nos sons, na glória da luz crua

E ouço-o ardente bater dentro em minhas entranhas.

Tenho êxtases de santo... Ânsias para a virtude...

Canta em minh'alma absorta um mundo de harmonias.

Vêm-me audácias de herói... Sonho o que jamais pude

— Belo como Davi, forte como Golias...

E neste curto instante em que todo me exalto

De tudo o que não sou, gozo tudo o que invejo,

E nunca o sonho humano assim subiu tão alto

Nem flamejou mais bela a chama do desejo.

E tudo isso me vem de vós, Mãe Natureza!

Vós que cicatrizais minha velha ferida...

Vós que me dais o grande exemplo de beleza

E me dais o divino apetite da vida!

Clavadel, 1914


"Plenitude" é um poema de Manuel Bandeira que exalta a energia vital da vida e a conexão com a natureza. O poeta descreve a sensação de ser envolvido pela força da cura e da criação, sentindo-se embriagado pela vida. O poema transmite uma sensação de êxta
Manuel Bandeira
439 posts
A poesia de Bande...

Poemas

Ver mais
É boa! Se fossem malmequeres!
há 1 ano
É boa! Se fossem malmequeres! E é uma papoula Sozinha, com esse ar de «queres?» Veludo da natureza tola. Coitada! Por ela Saí da marcha pela estra...
Em vão procuro o bem que me negaram.
há 1 ano
Em vão procuro o bem que me negaram. As flores dos jardins herdadas de outros Como hão-de mais que perfumar de longe Meu desejo de tê-las?
Entremos na morte com alegria! Caramba
há 1 ano
Entremos na morte com alegria! Caramba O ter que vestir fato, o ter que lavar o corpo, O ter que ter razão, semelhanças, maneiras e modos; O ter ri...
Grinalda ou coroa
há 1 ano
Grinalda ou coroa É só peso posto Na fronte antes limpa. Grinalda de rosas, Coroa de louros, A fronte transtornam. Que o vento nos possa Mexer no...
Andorinha
há 1 ano
Andorinha lá fora está dizendo: — "Passei o dia à toa, à toa!" Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste! Passei a vida à toa, à toa...
John Talbot
há 1 ano
John Talbot, John Talbot, He's not very tall, but He's a baby so sweet, so nice. He looks like-a bird And I never have heard Of such kind, suc...
Enfia, a agulha,
há 1 ano
Enfia, a agulha, E ergue do colo A costura enrugada. Escuta: (volto a folha Com desconsolo). Não ouviste nada. Os meus poemas, este E os outros qu...
VI - O ritmo antigo que há em pés descalços, [1]
há 1 ano
O ritmo antigo que há em pés descalços, Esse ritmo das ninfas repetido, Quando sob o arvoredo Batem o som da dança, Vós na alva praia relembrai...
SAUDAÇÃO A W. WHITMAN [c]
há 1 ano
SAUDAÇÂO A W. WHITMAN Para cantar-te, Para cantar-te como tu quererias que te cantassem, Melhor é cantar a terra, o mar, as cidades e os campos — ...
Concentra-te, e serás sereno e forte;
há 1 ano
Concentra-te, e serás sereno e forte; Mas concentra-te fora de ti mesmo. Não sê mais para ti que o pedestal No qual ergas a estátua do teu ser. Tud...