Poemas de Paz
Diversos poemas sobre paz e poemas e versos que transmitem paz interior. Os poemas sobre a paz são aqueles que falam sobre a importância e o valor da paz, tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito coletivo. Eles podem tratar de temas como a harmonia, o perdão, a tolerância, a compreensão e a reconciliação. Os poemas sobre a paz geralmente têm um tom mais otimista e inspirador, e podem ser escritos de muitas maneiras diferentes, incluindo verso livre, rima ou formas tradicionais. A paz é um tema universal que todos nós valorizamos e buscamos, e os poemas sobre a paz nos permitem expressar esses valores e nos inspirar a buscar a paz em nossas próprias vidas e no mundo ao nosso redor. Eles também nos ajudam a entender e a refletir sobre o que significa a paz e como podemos contribuir para a criação de um mundo mais pacífico.
Luís Vaz de Camões
Se tanta pena tenho merecida Em pago de sofrer tantas durezas, Provai, Senhora, em mim vossas cruezas, Que aqui tendes u~a alma oferecida. Nela experimentai, se sois servida, Desprezos, desfavores e asperezas, Que mores sofrimentos e firmezas Sustentarei na guerra desta vida. Mas contra vosso olhos quais serão? Forçado é que tudo se lhe renda, Mas porei por escudo o coração. Porque, em tão dura e áspera contenda, É bem que, pois não acho defensão, Com me meter nas lanças me defenda.
Luís Vaz de Camões
Quem presumir, Senhora, de louvar-vos Com humano saber, e não divino, Ficará de tamanha culpa dino Quamanha ficais sendo em contemplar-vos. Não pretenda ninguém de louvor dar-vos, Por mais que raro seja, e peregrino: Que vossa fermosura eu imagino Que Deus a ele só quis comparar-vos. Ditosa esta alma vossa, que quisestes Em posse pôr de prenda tão subida, Como, Senhora, foi a que me destes. Melhor a guardarei que a própria vida; Que, pois mercê tamanha me fizestes, De mim será jamais nunca esquecida.
Luís Vaz de Camões
O cisne, quando sente ser chegada A hora que põe termo a sua vida, Música com voz alta e mui subida Levanta pela praia inabitada. Deseja ter a vida prolongada Chorando do viver a despedida; Com grande saudade da partida, Celebra o triste fim desta jornada. Assim, Senhora minha, quando via O triste fim que davam meus amores, Estando posto já no extremo fio, Com mais suave canto e harmonia Descantei pelos vossos desfavores La vuestra falsa fé y el amor mio.
Luís Vaz de Camões
Se pena por amar-vos se merece, Quem dela livre está? ou quem isento? Que alma, que razão, que entendimento Em ver-vos se não rende e obedece? Que mor glória na vida se oferece Que ocupar-se em vós o pensamento? Toda a pena cruel, todo o tormento Em ver-vos se não sente, mas esquece. Mas se merece pena quem amando Contínuo vos está, se vos ofende, O mundo matareis, que todo é vosso. Em mim, Senhora, podeis ir começando, Que claro se conhece e bem se entende Amar-vos quanto devo e quanto posso.
Luís Vaz de Camões
Coitado! que em um tempo choro e rio; Espero e temo, quero e aborreço; Juntamente me alegro e entristeço; Du~a cousa confio e desconfio. Voo sem asas; estou cego e guio; E no que valho mais menos mereço. Calo e dou vozes, falo e emudeço, Nada me contradiz, e eu aporfio. Queria, se ser pudesse, o impossível; Queria poder mudar-me e estar quedo; Usar de liberdade e estar cativo; Queria que visto fosse e invisível; Queira desenredar-me e mais me enredo: Tais os extremos em que triste vivo! Camões
Fernando Pessoa
Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.
Florbela Espanca
Meu doido coração aonde vais, No teu imenso anseio de liberdade? Toma cautela com a realidade; Meu pobre coração olha cais! Deixa-te estar quietinho! Não amais A doce quietação da soledade? Tuas lindas quimeras irreais Não valem o prazer duma saudade! Tu chamas ao meu seio, negra prisão!... Ai, vê lá bem, ó doido coração, Não te deslumbre o brilho do luar! Não ́stendas tuas asas para o longe... Deixa-te estar quietinho, triste monge, Na paz da tua cela, a soluçar!..
Florbela Espanca
Poeta da saudade, ó meu poeta qu ́rido Que a morte arrebatou em seu sorrir fatal, Ao escrever o Só pensaste enternecido Que era o mais triste livro deste Portugal, Pensaste nos que liam esse teu missal, Tua bíblia de dor, teu chorar sentido Temeste que esse altar pudesse fazer mal Aos que comungam nele a soluçar contigo! Ó Anto! Eu adoro os teus estranhos versos, Soluços que eu uni e que senti dispersos Por todo o livro triste! Achei teu coração... Amo-te como não te quis nunca ninguém, Como se eu fosse, ó Anto, a tua própria mãe Beijando-te já frio no fundo do caixão!
Florbela Espanca
Passam no teu olhar nobres cortejos, Frotas, pendões ao vento sobranceiros, Lindos versos de antigos romanceiros, Céus do Oriente, em brasa, como beijos, Mares onde não cabem teus desejos; Passam no teu olhar mundos inteiros, Todo um povo de heróis e marinheiros, Lanças nuas em rútilos lampejos; Passam lendas e sonhos e milagres! Passa a Índia, a visão do Infante em Sagres, Em centelhas de crença e de certeza! E ao sentir-se tão grande, ao ver-te assim, Amor, julgo trazer dentro de mim Um pedaço da terra portuguesa!
Fernando Pessoa
Cansa ser, sentir dói, pensar destrui. Alheia a nós, em nós e fora, Rui a hora, e tudo nela rui. Inutilmente a alma o chora. De que serve? O que é que tem que servir? Pálido esboço leve Do sol de Inverno sobre meu leito a sorrir... Vago sussurro breve. Das pequenas vozes com que a manhã acorda, Da fútil promessa do dia, Morta ao nascer, na esperança longínqua e absurda Em que a alma se fia. 01/01/1921
Fernando Pessoa
Cansa ser, sentir dói, pensar destrui. Alheia a nós, em nós e fora, Rui a hora, e tudo nela rui. Inutilmente a alma o chora. De que serve? O que é que tem que servir? Pálido esboço leve Do sol de Inverno sobre meu leito a sorrir... Vago sussurro breve. Das pequenas vozes com que a manhã acorda, Da fútil promessa do dia, Morta ao nascer, na esperança longínqua e absurda Em que a alma se fia. 01/01/1921
Fernando Pessoa
Cansa ser, sentir dói, pensar destrui. Alheia a nós, em nós e fora, Rui a hora, e tudo nela rui. Inutilmente a alma o chora. De que serve? O que é que tem que servir? Pálido esboço leve Do sol de Inverno sobre meu leito a sorrir... Vago sussurro breve. Das pequenas vozes com que a manhã acorda, Da fútil promessa do dia, Morta ao nascer, na esperança longínqua e absurda Em que a alma se fia. 01/01/1921
Fernando Pessoa
Cansa ser, sentir dói, pensar destrui. Alheia a nós, em nós e fora, Rui a hora, e tudo nela rui. Inutilmente a alma o chora. De que serve? O que é que tem que servir? Pálido esboço leve Do sol de Inverno sobre meu leito a sorrir... Vago sussurro breve. Das pequenas vozes com que a manhã acorda, Da fútil promessa do dia, Morta ao nascer, na esperança longínqua e absurda Em que a alma se fia. 01/01/1921
Fernando Pessoa
A estrada, como uma senhora, Só dá passagem legalmente. Escrevo ao sabor quente da hora Baldadamente. Não saber bem o que se diz É um pouco sol e um pouco alma. Ah, quem me dera ser feliz. Teria isto, mais a calma. Bom campo, estrada com cadastro, Legislação entre erva nata. Vai atar a alma com um nastro Só para ver quem ma desata. 31/08/1930
Ricardo Reis
Bocas roxas de vinho Testas brancas sob rosas, Nus, brancos antebraços Deixados sobre a mesa: Tal seja, Lídia, o quadro Em que fiquemos, mudos, Eternamente inscritos Na consciência dos deuses. Antes isto que a vida Como os homens a vivem, Cheia da negra poeira Que erguem das estradas. Só os deuses socorrem Com seu exemplo aqueles Que nada mais pretendem Que ir no rio das coisas. 28/08/1915
Ricardo Reis
Bocas roxas de vinho Testas brancas sob rosas, Nus, brancos antebraços Deixados sobre a mesa: Tal seja, Lídia, o quadro Em que fiquemos, mudos, Eternamente inscritos Na consciência dos deuses. Antes isto que a vida Como os homens a vivem, Cheia da negra poeira Que erguem das estradas. Só os deuses socorrem Com seu exemplo aqueles Que nada mais pretendem Que ir no rio das coisas. 28/08/1915