Manuel Bandeira
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A poesia de Bande...
Cunhantã

Cunhantã

Mil-Frases

há 1 ano
Um poema de Manuel Bandeira

Vinha do Pará

Chamava Siquê.

Quatro anos. Escurinha. O riso gutural da raça.

Piá branca nenhuma corria mais do que ela.

Tinha uma cicatriz no meio da testa:

— Que foi isto, Siquê?

Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra:

— Minha mãe (a madrasta) estava costurando

Disse vai ver se tem fogo

Eu soprei eu soprei eu soprei não vi fogo

Aí ela se levantou e esfregou com minha cabeça na brasa

Riu, riu, riu

Uêrêquitáua.

O ventilador era a coisa que roda.

Quando se machucava, dizia: Ai Zizus!

1927


"Cunhantã" é um poema de Manuel Bandeira que retrata a história de uma menina chamada Siquê, de quatro anos, que veio do Pará. Ela é descrita como uma criança escura, com um riso gutural da raça. Siquê é ágil e nenhuma outra criança branca corria mais do
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