Manuel Bandeira
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A poesia de Bande...
Verdes Mares

Verdes Mares

Mil-Frases

há 1 ano
Um poema de Manuel Bandeira

Clama uma voz amiga: — “Aí tem o Ceará.”

E eu, que nas ondas punha a vista deslumbrada,

Olho a cidade. Ao sol chispa a areia doirada.

A bordo a faina avulta e toda a gente já

Desce. Uma moça ri, quebrando o panamá.

— “Perdi a mala!” um diz de cara acabrunhada.

Sobre as águas, arfando, uma breve jangada

Passa. Tão frágil! Deus a leve, onde ela vá.

Esmalta ao fundo a costa a verdura de um parque.

E enquanto a grita aumenta em berros e assobios

Rudes, na confusão brutal do desembarque:

Fitando a vastidão magnífica do mar,

Que ressalta e reluz: — “Verdes mares bravios...”

Cita um sujeito que jamais leu Alencar.

1908

A ROSA

À vista incerta,

Os ombros langues,

Pierrot aperta

Às mãos exangues

De encontro ao peito.

Alguma cousa

O punge ali

Que ele não ousa

Lançar de si,

O pobre doido!

Uma sombria

Rosa escarlata

Em agonia

Faz que lhe bata

O coração...

Sangrenta rosa

Que evoca a louca,

A voluptuosa,

Volúvel boca

De sua amada...

Ah, com que mágoa,

Com que desgosto

Dois fios de água

Lavam-lhe o rosto

De faces lívidas!

Da veste branca

À larga túnica

Por fim arranca

A rosa púnica

Em um soluço.

E parecia,

Jogando ao chão

A flor sombria,

Que o coração

Ele arrancara!...


"Verdes Mares" é um poema de Manuel Bandeira que retrata a chegada a uma cidade costeira, provavelmente no Ceará. O poema descreve a agitação do desembarque, com pessoas descendo do navio e uma moça perdendo sua mala. Bandeira também destaca a beleza do m
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