Poemas sobre Despedidas

Poesia que lida com o sentimento de despedida, a dor da separação e as lembranças que permanecem.

Uma imagem com a seguinte frase Dos vates a antiga usança

Quis respeitoso seguir,

Ensaiando em anagrama

Teu doce nome exprimir;

Mas a mente em vão se cansa,

No desejo que me inflama

Nada me vem acudir.


Não desistindo da idéia,

Volto a ela sem cessar;

Diversos nomes invento,

Sem nenhum poder achar,

Que seja nome de idéia,

E se preste ao meu intento,

Sem o teu muito ocultar.


Vendo alfim que não podia

Teu anagrama fazer;

Que quantos eu inventava

Nada queriam dizer;

Uma idéia à fantasia,

Quando já nada esperava,

Me veio enfim socorrer.


Foi idéia luminosa,

Direi quase inspiração,

Pois que senti de repente

Palpitar-me o coração.

Sua força imperiosa

Foi tal, qu'eu obediente

Dei-lhe pronta execução.


De papel em uma fita

Teu lindo nome escrevi;

Pondo as letras separadas,

Co'a tesoura as dividi.

Cada solta letra escrita

Enrolei, e baralhadas,

Numa caixinha as meti.


Tudo ao acaso deixando,

Da sorte o cofre agitei;

E tirando-as de uma em uma,

Uma após outra as tracei.

Oh prodígio! Oh pasmo! Quando

Esta maravilha suma

De um mero acaso esperei?


Já Urânia — escrito estava!

Foi Amor quem o escreveu!

Não, não foi obra do acaso;

Teu nome veio do céu!

Aquele — já — me ordenava

Que da Urânia do Parnaso

Fosse o nome agora teu.


Que para mim renascida

A Musa Urânia serás.

Que ao céu e a Deus minha mente

Tu sempre levantarás.

Musa real, não fingida,

Unida a mim ternamente,

Celeste amor me terás.



Publicado no livro Urânia (1862).


In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Org. rev. e notas Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 194

José Gonçalves de Magalhães

Dos vates a antiga usança Quis respeitoso seguir, Ensaiando em anagrama Teu doce nome exprimir; Mas a mente em vão se cansa, No desejo que me inflama Nada me vem acudir. Não desistindo da idéia, Volto a ela sem cessar; Diversos nomes invento, Sem nenhum poder achar, Que seja nome de idéia, E se preste ao meu intento, Sem o teu muito ocultar. Vendo alfim que não podia Teu anagrama fazer; Que quantos eu inventava Nada queriam dizer; Uma idéia à fantasia, Quando já nada esperava, Me veio enfim socorrer. Foi idéia luminosa, Direi quase inspiração, Pois que senti de repente Palpitar-me o coração. Sua força imperiosa Foi tal, qu'eu obediente Dei-lhe pronta execução. De papel em uma fita Teu lindo nome escrevi; Pondo as letras separadas, Co'a tesoura as dividi. Cada solta letra escrita Enrolei, e baralhadas, Numa caixinha as meti. Tudo ao acaso deixando, Da sorte o cofre agitei; E tirando-as de uma em uma, Uma após outra as tracei. Oh prodígio! Oh pasmo! Quando Esta maravilha suma De um mero acaso esperei? Já Urânia — escrito estava! Foi Amor quem o escreveu! Não, não foi obra do acaso; Teu nome veio do céu! Aquele — já — me ordenava Que da Urânia do Parnaso Fosse o nome agora teu. Que para mim renascida A Musa Urânia serás. Que ao céu e a Deus minha mente Tu sempre levantarás. Musa real, não fingida, Unida a mim ternamente, Celeste amor me terás. Publicado no livro Urânia (1862). In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Org. rev. e notas Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 194

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