Ah, sempre no curso leve do tempo pesado A mesma forma de viver! O mesmo modo inútil de estar enganado Por crer ou por descrer!
Sempre, na fuga ligeira da hora que morre, A mesma desilusão Do mesmo olhar lançado do alto da torre Sobre o plaino vão!
Saudade, esperança – muda o nome, fica Só a alma vã Na pobreza de hoje a consciência de ser rica Ontem ou amanhã.
Sempre, sempre, no lapso indeciso e constante Do tempo sem fim O mesmo momento voltando improfícuo e distante Do que quero em mim!
Sempre, ou no dia ou na noite, sempre – seja Diverso – o mesmo olhar de desilusão Lançado do alto da torre da ruína da igreja Sobre o plaino vão!
01/01/1921