Manuel Bandeira
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Ao Crepúsculo

Ao Crepúsculo

Mil-Frases

há 1 ano
Um poema de Manuel Bandeira

O crepúsculo cai, tão manso e benfazejo

Que me adoça o pesar de estar em terra estranha.

E enquanto o ângelus abençoa o lugarejo,

Eu penso em ti, apaziguado e sem desejo,

Fitando no horizonte a linha da montanha.

A montanha é trangjúila e forte, e grande e boa.

Ela afaga o meu sonho. E alegra-me pensar

(Tanto a saudade a um tempo acalenta e magoa!)

Que tu, na doce paz da tarde que se escoa,

Teces o mesmo sonho, ouvindo e vendo o mar.

Embalada na voz do grande solitário,

Tu mortificarás teu casto coração

Na dor de revocar o noivado precário.

(Ah, por que te confiei o meu desejo vário?

Por que me desvendaste a tua sedução?)

Se nos aparta o espaço, o tempo — esse nos liga.

A lembrança é no amor a cadeia mais pura.

Tu tens o grande Amigo e eu tenho a grande Amiga:

O mar segredará tudo quanto eu te diga,

E a montanha dir-me-á tua imensa ternura.


"Ao Crepúsculo" é um poema de Manuel Bandeira que retrata a sensação de estar em um lugar estranho e sentir saudades de alguém. O crepúsculo suave e abençoado traz um alívio para a tristeza, enquanto o eu lírico pensa na pessoa amada, olhando para o horiz
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