Atrás destas moitas,
Nos troncos, no chão,
Vi, traçado a sangue,
O signo-salmão!
Há larvas, há lêmures
Atrás destas moitas.
Mulas-sem-cabeça,
Visagens afoitas.
Atrás destas moitas
Veio a Moura-Torta -
Comer as mãozinhas
Da menina morta!
Há bruxas luéticas
Atrás destas moitas,
Segredando à aragem
Amorosas coitas.
Atrás destas moitas
Vi um rio de fundas
Águas deletérias,
Paradas, imundas!
Atrás destas moitas...
— Que importa? Irei vê-las!
Regiões mais sombrias
Conheço. Sou poeta,
Dentro d'alma levo,
Levo três estrelas,
Levo as três Marias!
Petrópolis, 2 de janeiro de 1950