Álvaro de Campos
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O Poeta Álvaro de...
Às vezes medito,

Às vezes medito,

Mil-Frases

há 1 ano
Um poema de Álvaro de Campos

Às vezes medito, Às vezes medito, e medito mais fundo, e ainda mais fundo E todo o mistério das coisas aparece-me como um óleo à superfície, E todo o universo é um mar de caras de olhos fechados para mim. Cada coisa — um candeeiro de esquina, uma pedra, uma árvore, E um olhar que me fita de um abismo incompreensível, E desfilam no meu coração os deuses todos, e as ideias dos deuses.

Ah, haver coisas! Ah, haver seres! Ah, haver maneira de haver seres De haver haver, De haver como haver haver, De haver... Ah, o existir o fenómeno abstracto — existir, Haver consciência e realidade, O que quer que isto seja... Como posso eu exprimir o horror que tudo isto me causa? Como posso eu dizer como é isto para se sentir? Qual é alma de haver ser?

Ah, o pavoroso mistério de existir a mais pequena coisa Porque é o pavoroso mistério de haver qualquer coisa Porque é o pavoroso mistério de haver...


Este poema de Álvaro de Campos, intitulado "Às vezes medito", é uma reflexão profunda sobre a existência e o mistério da vida. O poeta expressa a sua contemplação sobre o universo e a sua incompreensibilidade, descrevendo-o como um mar de rostos fechados.
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Poemas

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