Ditoso seja aquele que somente Se queixa de amorosas esquivanças; Pois por elas não perde as esperanças De poder nalgum tempo ser contente.
Ditoso seja quem, estando absente, Não sente mais que a pena das lembranças, Porque, inda mais que se tema de mudanças, Menos se teme a dor quando se sente.
Ditoso seja, enfim, qualquer estado, Onde enganos, desprezos e isenção Trazem o coração atormentado.
Mas triste de quem se sente magoado De erros em que não pode haver perdão, Sem ficar na alma a mágoa do pecado.