As estrelas tremem no ar frio, no céu frio...
E no ar frio pinga, levíssima, a orvalhada.
Nem mais um ruído corta o silêncio da estrada,
Senão na ribanceira um vago murmáúrio.
Tudo dorme. Eu, no entanto, olho o espaço sombrio,
Pensando em ti, ó doce imagem adorada!...
As estrelas tremem no ar frio, no céu frio,
E no ar frio pingam as gotas da orvalhada...
E enquanto penso em ti, no meu sonho erradio,
Sentindo a dor atroz dessa ânsia incontentada,
— Fora, aos beijos glaciais e cruéis da geada,
Tremem as flores, treme e foge, ondeando, o rio,
E as estrelas tremem no ar frio, no céu frio...