Álvaro de Campos
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O Poeta Álvaro de...
Meu pobre amigo, não tenho compaixão que te dar.

Meu pobre amigo, não tenho compaixão que te dar.

Mil-Frases

há 1 ano
Um poema de Álvaro de Campos

Meu pobre amigo, não tenho compaixão que te dar. A compaixão custa, sobretudo sincera, e em dias de chuva. Quero dizer: custa sentir em dias de chuva. Sintamos a chuva e deixemos a psicologia para outra espécie de céu.

Com que então problema sexual? Mas isso depois dos quinze anos é uma indecência. Preocupação com o sexo oposto (suponhamos) e a sua psicologia — Mas isso é estúpido, filho. O sexo oposto existe para ser procurado e não para ser compreendido. O problema existe para estar resolvido e não para preocupar. Compreender é ser impotente. E você devia revelar-se menos. "La Colére de Samson", conhece? "La femme, enfant malade et [...]" Mas não é nada disso. Não me mace, nem me obrigue a ter pena! Olhe: tudo é literatura. Vem-nos tudo de fora, como a chuva. A maneira? Se nós somos páginas aplicadas de romances? Traduções, meu filho. Você sabe porque está tão triste? É por causa de Platão, Que você nunca leu. E um soneto de Petrarca, que você desconhece, sobrou-lhe errado, E assim é a vida. Arregace as mangas da camisa civilizada E cave terras exactas! Mais vale isso que ter a alma dos outros. Não somos senão fantasmas de fantasmas, E a paisagem hoje ajuda muito pouco. Tudo é geograficamente exterior. A chuva cai por uma lei natural E a humanidade ama porque ama falar no amor.


Este poema de Álvaro de Campos transmite uma falta de compaixão em relação a um amigo que está passando por problemas. O eu lírico afirma que a compaixão é algo que custa, especialmente em dias de chuva, e que é melhor sentir a chuva do que se preocupar c
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