ODE MARCIAL Ai de ti, ai de ti, ai de nós! Por detrás destas leis inexplicáveis, foges da vida Haverá alguma ternura divina que compense isto tudo? Ainda tens o berço dele a um canto, em casa... Ainda tens guardados os fatinhos dele, de pequeno... Ainda tens numa gaveta alguns brinquedos partidos... Agora, sim, agora, vai olhá-los e chora sobre eles... Não sabes onde é a sepultura do teu filho... Foi o n.º qualquer coisa do regimento um tal, Morreu lá para a [...] em qualquer parte... morreu... O filho que tu tiveste ao peito, que amamentaste e que criaste... Que remexera no teu ventre... O rapazote feito que dizia graças e tu rias tanto... Agora ele é podridão... Bastou em linha alemã Um bocado de chumbo, do tamanho dum prego, e a tua vida é triste... Receberas um prémio do [Estado?]. Disse que o teu filho foi um herói... (Ninguém sabe, de resto, se ele foi herói ou não) É um enigma p'ra a história... “Morreram 20, cem homens na batalha de tal...” Ele era um deles... E o teu coração de mãe sangrou tanto por esse herói de que a história não disse nada... O acontecimento mais importante da guerra foi aquele para ti...