Por estas noites frias e brumosas É que melhor se pode amar, querida! Nem uma estrela pálida, perdida Entre a névoa, abre as pálpebras medrosas...
Mas um perfume cálido de rosas Corre a face da terra adormecida... E a névoa cresce, e, em grupos repartida, Enche os ares de sombras vaporosas:
Sombras errantes, corpos nus, ardentes Carnes lascivas... um rumor vibrante De atritos longos e de beijos quentes...
E os céus se estendem, palpitando, cheios Da tépida brancura fulgurante De um turbilhão de braços e de seios.
Publicado no livro Poesias, 1884/1887 (1888). Poema integrante da série Via Láctea.
In: BILAC, Olavo. Obra reunida. Org. e introd. Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 119. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira)