Poemas sobre Coragem
Versos que exaltam a coragem, a determinação e a capacidade de enfrentar desafios.
Florbela Espanca
Horas mortas... Curvada aos pés do monte A planície é um brasido... e, torturadas, As árvores sangrentas, revoltadas, Gritam a Deus a bênção duma fonte! E quando, manhã alta, o sol posponte A ouro a giesta, a arder, pelas estradas, Esfíngicas, recortam desgrenhadas Os trágicos perfis no horizonte! Árvores! Corações, almas que choram, Almas iguais à minha, almas que imploram Em vão remédio para tanta mágoa! Árvores! Não choreis! Olhai e vede: - Também ando a gritar, morta de sede, Pedindo a Deus a minha gota d ́água!
Florbela Espanca
Dize-me, amor, como te sou querida, Conta-me a glória do teu sonho eleito, Aninha-me a sorrir junto ao teu peito, Arranca-me dos pântanos da vida. Embriagada numa estranha lida, Trago nas mãos o coração desfeito, Mostra-me a luz, ensina-me o preceito Que me salve e levante redimida! Nesta negra cisterna em que me afundo, Sem quimeras, sem crenças, sem turnura, Agonia sem fé dum moribundo, Grito o teu nome numa sede estranha, Como se fosse, amor, toda a frescura Das cristalinas águas da montanha!
Florbela Espanca
Rasga esses versos que eu te fiz, amor! Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento, Que a cinza os cubra, que os arraste o vento, Que a tempestade os leve aonde for! Rasga-os na mente, se os souberes de cor, Que volte ao nada o nada de um momento! Julguei-me grande pelo sentimento, E pelo orgulho ainda sou maior!... Tanto verso já disse o que eu sonhei! Tantos penaram já o que eu penei! Asas que passam, todo o mundo as sente... Rasgas os meus versos... Pobre endoidecida! Como se um grande amor cá nesta vida Não fosse o mesmo amor de toda a gente!...
Fernando Pessoa
Qualquer caminho leva a toda a parte, Qualquer caminho Em qualquer ponto seu em dois se parte E um leva a onde indica a estrada Outro é sozinho. Uma leva ao fim da mera estrada, pára Onde acabou. Outra é a abstracta margem (...) Ah! os caminhos estão todos em mim. Qualquer distância ou direcção, ou fim Pertence-me, sou eu. O resto é a parte De mim que chamo o mundo exterior. Mas o caminho Deus eis se biparte Em o que eu sou e o alheio a mim (...) 1921
Fernando Pessoa
Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à beira da erma estrada. Perdi o coração. A ti talvez, que não te tens dado, Daria enfim... A mim... Sei eu que duro e inato fado Me espera a mim? 1920
Fernando Pessoa
Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à beira da erma estrada. Perdi o coração. A ti talvez, que não te tens dado, Daria enfim... A mim... Sei eu que duro e inato fado Me espera a mim? 1920
Fernando Pessoa
Qualquer caminho leva a toda a parte, Qualquer caminho Em qualquer ponto seu em dois se parte E um leva a onde indica a estrada Outro é sozinho. Uma leva ao fim da mera estrada, pára Onde acabou. Outra é a abstracta margem (...) Ah! os caminhos estão todos em mim. Qualquer distância ou direcção, ou fim Pertence-me, sou eu. O resto é a parte De mim que chamo o mundo exterior. Mas o caminho Deus eis se biparte Em o que eu sou e o alheio a mim (...) 1921
Fernando Pessoa
Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à beira da erma estrada. Perdi o coração. A ti talvez, que não te tens dado, Daria enfim... A mim... Sei eu que duro e inato fado Me espera a mim? 1920
Fernando Pessoa
Qualquer caminho leva a toda a parte, Qualquer caminho Em qualquer ponto seu em dois se parte E um leva a onde indica a estrada Outro é sozinho. Uma leva ao fim da mera estrada, pára Onde acabou. Outra é a abstracta margem (...) Ah! os caminhos estão todos em mim. Qualquer distância ou direcção, ou fim Pertence-me, sou eu. O resto é a parte De mim que chamo o mundo exterior. Mas o caminho Deus eis se biparte Em o que eu sou e o alheio a mim (...) 1921
Fernando Pessoa
Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à beira da erma estrada. Perdi o coração. A ti talvez, que não te tens dado, Daria enfim... A mim... Sei eu que duro e inato fado Me espera a mim? 1920
Fernando Pessoa
Qualquer caminho leva a toda a parte, Qualquer caminho Em qualquer ponto seu em dois se parte E um leva a onde indica a estrada Outro é sozinho. Uma leva ao fim da mera estrada, pára Onde acabou. Outra é a abstracta margem (...) Ah! os caminhos estão todos em mim. Qualquer distância ou direcção, ou fim Pertence-me, sou eu. O resto é a parte De mim que chamo o mundo exterior. Mas o caminho Deus eis se biparte Em o que eu sou e o alheio a mim (...) 1921
Fernando Pessoa
Tudo quanto sonhei tenho perdido Antes de o ter. Um verso ao menos fique do inobtido, Música de perder. Pobre criança a quem não deram nada, Choras? É em vão. Como eu choro à beira da erma estrada. Perdi o coração. A ti talvez, que não te tens dado, Daria enfim... A mim... Sei eu que duro e inato fado Me espera a mim? 1920
Fernando Pessoa
Minha mulher, a solidão, Consegue que eu não seja triste. Ah, que bom é ao coração Ter este bem que não existe! Recolho a não ouvir ninguém, Não sofro o insulto de um carinho E falo alto sem que haja alguém: Nascem-me os versos do caminho. Senhor, se há bem que o céu conceda Submisso à opressão do Fado, Dá-me eu ser só – veste de seda –, E fala só – leque animado. 27/08/1930
Álvaro de Campos
Paro, escuto, reconheço-me! O som da minha voz caiu no ar sem vida. Fiquei o mesmo, tu estás morto, tudo é insensível... Saudar-te foi um modo de eu querer animar-me, Para que te saudei sem que me julgue capaz Da energia viva de saudar alguém! Ó coração por sarar! quem me salva de ti?
Fernando Pessoa
Na margem verde da estrada Os malmequeres são meus. Já trago a alma cansada – Não é disso... é de Deus. Se Deus me quisesse dá-la Havia de achar maneira... A estrada de cá da vala Tem malmequeres à beira. Se os quero, colho-os, e tenho Cuidado com os partir. Cada um que vejo e apanho Dá um estalinho ao sair. São malmequeres aos molhos, Iguaizinhos para ver. E nem põe neles os olhos, Dá a mão pra os receber. Não é esmola que envergonhe, Nem coisa dada sem mais. É pra que a menina os ponha Onde o peito faz sinais. Tirei-os do campo ao lado Para a menina os trazer... E nem me mostra o agrado De um olhar para me ver... É assim a minha sina. Tirei-os de onde iam bem, Só para os dar à menina – E agradeceu-me a ninguém. 31/08/1930