Os beija-flores, em festa, Com o sol, com a luz, com os rumores, Saem da verde floresta, Como um punhado de flores.
E abrindo as asas formosas, As asas aurifulgentes, Feitas de opalas ardentes Com coloridos de rosas,
Os beija-flores, em bando, Boêmios enfeitiçados, Vão como beijos voando Por sobre os virentes prados;
Sobem às altas colinas, Descem aos vales formosos, E espraiam-se após ruidosos Pela extensão das campinas.
Depois, sussurrando a flux Dos cactos ensanguentados, Bailam nos prismas da luz, De solto pólen dourados.
Ah! como a orquídea estremece Ao ver que um deles, mais vivo, Até seu gérmen lascivo Mergulha, interna-se, desce...
E não haver uma rosa De tantas, uma açucena, Uma violeta piedosa, Que quando a morte sem pena
Um destes seres fulmina, Abra-se em férvido enleio, Como a alma de uma menina, Para guardá-lo no seio!
Publicado no livro Meridionais (1884).
In: OLIVEIRA, Alberto de. Poesias completas. Ed. crít. Marco Aurélio Mello Reis. Rio de Janeiro: Núcleo Ed. da UERJ, 1978. v.1. p. 101-102 (Fluminense