Alberto de Oliveira
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Antônio Mariano d...
Fantástica

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Mil-Frases

há 1 ano
Um poema de Alberto de Oliveira

Erguido em negro mármor luzidio, Portas fechadas, num mistério enorme, Numa terra de reis, mudo e sombrio, Sono de lendas um palácio dorme.

Torvo, imoto em seu leito, um rio o cinge, E, à luz dos plenilúnios argentados, Vê-se em bronze uma antiga e bronca esfinge, E lamentam-se arbustos encantados.

Dentro, assombro e mudez! quedas figuras De reis e de rainhas; penduradas Pelo muro panóplias, armaduras, Dardos, elmos, punhais, piques, espadas.

E inda ornada de gemas e vestida De tiros de matiz de ardentes cores, Uma bela princesa está sem vida Sobre um toro fantástico de flores.

Traz o colo estrelado de diamantes, Colo mais claro do que a espuma jônia. E rolam-lhe os cabelos abundantes Sobre peles nevadas de Issedônia.

Entre o frio esplendor dos artefactos, Em seu régio vestíbulo de assombros. Há uma guarda de anões estupefactos, Com trombetas de ébano nos ombros.

E o silêncio por tudo! nem de um passo Dão sinal os extensos corredores; Só a lua, alta noite, um raio baço Põe da morta no tálamo de flores.

Publicado no livro Ramo de árvore (1922).

In: OLIVEIRA, Alberto de. Poesias completas. Ed. crít. Marco Aurélio Mello Reis. Rio de Janeiro: Núcleo Ed. da UERJ, 1978. v.1. (Fluminense


"Fantástica" é um poema de Alberto de Oliveira que descreve um palácio misterioso e adormecido, erguido em negro mármore. O poema retrata um ambiente sombrio, com figuras penduradas nas paredes, armaduras e uma bela princesa sem vida sobre um toro de flor
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