Quero, Neera, que os teus lábios laves Na nascente tranquila Para que contra a tua febre e a triste Dor que pões em viver, Sintas a fresca e calma natureza Da água, e reconheças Que não têm penas nem desassossegos As ninfas das nascentes Nem mais soluços do que o som da água Alegre e natural. As nossas dores, não, Neera, vêm Das causas naturais Datam da alma e do infeliz fruir Da vida com os homens. Aprende pois, ó aprendiza jovem Das clássicas delícias, A não pôr mais tristeza que um suspiro No modo como vives. Nasceste pálida, deitando a regra Da tua vã beleza Sob a estólida fé das nossas mãos Medrosas de ter gozo Demasiado preso à desconfiança Que vem de teu saber, Não para essa vã mnemónica Do futuro fatal. Façamos vívidas grinaldas várias De sol, flores e risos Para ocultar o fundo fiel à Noite Do nosso pensamento Curvado já em vida sob a ideia Do plutónico jugo Cônscia já da lívida aguardança Do caos redivivo.