Poemas em Estrangeiro
Nem só o Português é lingua com belos poemas. Aqui pode encontrar uma seleção de Poemas em lingua estrangeira ricos em conhecimento e sabedoria.
Ricardo Reis
Quero, Neera, que os teus lábios laves Na nascente tranquila Para que contra a tua febre e a triste Dor que pões em viver, Sintas a fresca e calma natureza Da água, e reconheças Que não têm penas nem desassossegos As ninfas das nascentes Nem mais soluços do que o som da água Alegre e natural. As nossas dores, não, Neera, vêm Das causas naturais Datam da alma e do infeliz fruir Da vida com os homens. Aprende pois, ó aprendiza jovem Das clássicas delícias, A não pôr mais tristeza que um suspiro No modo como vives. Nasceste pálida, deitando a regra Da tua vã beleza Sob a estólida fé das nossas mãos Medrosas de ter gozo Demasiado preso à desconfiança Que vem de teu saber, Não para essa vã mnemónica Do futuro fatal. Façamos vívidas grinaldas várias De sol, flores e risos Para ocultar o fundo fiel à Noite Do nosso pensamento Curvado já em vida sob a ideia Do plutónico jugo Cônscia já da lívida aguardança Do caos redivivo.
Álvaro de Campos
Cá estamos no píncaro — nós dois. Nós dois e Homero? Não sabemos. Esse está mais abaixo. Estendemos a mão e cada qual ainda que cego chega a Deus (ele não) O quê — você não chega? Então você desaparece? — ou não chegou. Sou míope e português Se houver troca de louros (...) P'ra Apolo falta-me a beleza Mas também falta só isso. [...] [...] Camarada Will, qualquer de nós Vale o resto, excepto o outro Ave, poema mudo de verso (poema diverso) Verso mudo de frases Mesmo (ó diabo!) mudo de mim Não importa. Feliz encontro
Álvaro de Campos
Cá estamos no píncaro — nós dois. Nós dois e Homero? Não sabemos. Esse está mais abaixo. Estendemos a mão e cada qual ainda que cego chega a Deus (ele não) O quê — você não chega? Então você desaparece? — ou não chegou. Sou míope e português Se houver troca de louros (...) P'ra Apolo falta-me a beleza Mas também falta só isso. [...] [...] Camarada Will, qualquer de nós Vale o resto, excepto o outro Ave, poema mudo de verso (poema diverso) Verso mudo de frases Mesmo (ó diabo!) mudo de mim Não importa. Feliz encontro
Álvaro de Campos
Cá estamos no píncaro — nós dois. Nós dois e Homero? Não sabemos. Esse está mais abaixo. Estendemos a mão e cada qual ainda que cego chega a Deus (ele não) O quê — você não chega? Então você desaparece? — ou não chegou. Sou míope e português Se houver troca de louros (...) P'ra Apolo falta-me a beleza Mas também falta só isso. [...] [...] Camarada Will, qualquer de nós Vale o resto, excepto o outro Ave, poema mudo de verso (poema diverso) Verso mudo de frases Mesmo (ó diabo!) mudo de mim Não importa. Feliz encontro
Álvaro de Campos
SAUDAÇÃO A WALT WHITMAN Portugal-Infinito, onze de Junho de mil novecentos e quinze... Hé-lá-á-á-á-á-á-á! De aqui de Portugal, todas as épocas no meu cérebro, Saúdo-te, Walt, saúdo-te, meu irmão em Universo, Eu, de monóculo e casaco exageradamente cintado, Não sou indigno de ti, bem o sabes, Walt, Não sou indigno de ti, basta saudar-te para o não ser... Eu tão contíguo à inércia, tão facilmente cheio de tédio, Sou dos teus, tu bem sabes e compreendo-te e amo-te, E embora te não conhecesse, nascido pelo ano em que morrias, Sei que me amaste também, que me conheceste, e estou contente. Sei que me conheceste, que me contemplaste e me explicaste, Sei que é isso que eu sou, quer em Brooklyn Ferry dez anos antes de eu nascer, Quer pela rua do Ouro acima pensando em tudo o que não é a rua do Ouro, E conforme tu sentiste tudo, sinto tudo, e cá estamos de mãos dadas, De mãos dadas, Walt, de mãos dadas, dançando o universo na alma. Ó sempre moderno e eterno, cantor dos concretos absolutos, Concubina fogosa do universo disperso, Grande pederasta roçando-te contra a diversidade das coisas, Sexualizado pelas pedras, pelas árvores, pelas pessoas, pelas profissões, Cio das passagens, dos encontros casuais, das meras observações, Meu entusiasta pelo conteúdo de tudo, Meu grande herói entrando pela Morte dentro aos pinotes, E aos urros, e aos guinchos, e aos berros saudando Deus! Cantor da fraternidade feroz e terna com tudo, Grande democrata epidérmico, contíguo a tudo em corpo e alma, Carnaval de todas as acções, bacanal de todos os propósitos, Irmão gémeo de todos os arrancos, Jean-Jacques Rousseau do mundo que havia de produzir máquinas, Homero do insaisissable do flutuante carnal, Shakespeare da sensação que começa a andar a vapor, Milton-Shelley do horizonte da Electricidade futura! Íncubo de todos os gestos, Espasmo pra dentro de todos os objectos-força, Souteneur de todo o Universo, Rameira de todos os sistemas solares... Quantas vezes eu beijo o teu retrato! Lá onde estás agora (não sei onde é mas é Deus) Sentes isto, sei que o sentes, e os meus beijos são mais quentes em gente) E tu assim é que os queres, meu velho, e agradeces de lá, – Sei-o bem, qualquer coisa mo diz, um agrado no meu espírito Uma erecção abstracta e indirecta no fundo da minha alma. Nada do engageant em ti, mas ciclópico e musculoso, Mas perante o Universo a tua atitude era de mulher, E cada erva, cada pedra, cada homem era para ti o Universo. Meu velho Walt, meu grande Camarada, evohé! Pertenço à tua orgia báquica de sensações-em-liberdade, Sou dos teus, desde a sensação dos meus pés até à náusea em meus sonhos, Sou dos teus, olha pra mim, de aí desde Deus vês-me ao contrário: De dentro para fora... Meu corpo é o que adivinhas, vês a minha alma – Isso vês tu propriamente e através dos olhos dela o meu corpo – Olha pra mim: tu sabes que eu, Álvaro de Campos, engenheiro, Poeta sensacionista, Não sou teu discípulo, não sou teu amigo, não sou teu cantor, Tu sabes que eu sou Tu e estás contente com isso! Nunca posso ler os teus versos a fio... Há ali sentir demais... Atravesso os teus versos como uma multidão aos encontrões a mim, E cheira-me a suor, a óleos, a actividade humana e mecânica. Nos teus versos, a certa altura não sei se leio ou se vivo, Não sei se o meu lugar real é no mundo ou nos teus versos, Não sei se estou aqui, de pé sobre a terra natural, Ou de cabeça pra baixo, pendurado numa espécie de estabelecimento, No tecto natural da tua inspiração de tropel, No centro do tecto da tua intensidade inacessível. Abram-me todas as portas! Por força que hei-de passar! Minha senha? Walt Whitman! Mas não dou senha nenhuma... Passo sem explicações... Se for preciso meto dentro as portas... Sim – eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas, Porque neste momento não sou franzino nem civilizado, Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar, E que há-de passar por força, porque quando quero passou Deus! Tirem esse lixo da minha frente! Metam-me em gavetas essas emoções! Daqui pra fora, políticos, literatos, Comerciantes pacatos, polícia, meretrizes, souteneurs, Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá a vida. O espírito que dá a vida neste momento sou EU! Que nenhum filho da puta se me atrevesse no caminho! O meu caminho é pelo infinito fora até chegar ao fim! Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, É comigo, com Deus, com o sentido – eu da palavra Infinito... Prá frente! Meto esporas! Sinto as esporas, sou o próprio cavalo em que monto, Porque eu, por minha vontade de me consubstanciar com Deus, Posso ser tudo, ou posso ser nada, ou qualquer coisa, Conforme me der na gana... Ninguém tem nada com isso... Loucura furiosa! Vontade de ganir, de saltar, De urrar, zurrar, dar pulos, pinotes, gritos com o corpo, De me cramponner às rodas dos veículos e meter por baixo, De me meter adiante do giro do chicote que vai bater, De ser cadela de todos os cães e eles não bastam, De ser o volante de todas as máquinas e a velocidade tem limite, De ser o esmagado, o deixado, o deslocado, o acabado, Dança comigo, Walt, lá do outro mundo, esta fúria, Salta comigo neste batuque que esbarra com os astros, Cai comigo sem forças no chão, Esbarra comigo tonto nas paredes, Parte-te e esfrangalha-te comigo Em tudo, por tudo, à roda de tudo, sem tudo, Raiva abstracto do corpo fazendo maelstrons na alma... Arre! Vamos lá prá frente! Se o próprio Deus impede, vamos lá prá frente... Não faz diferença... Vamos lá prá frente sem ser para parte nenhuma... Infinito! Universo! Meta sem meta! Que importa? (Deixa-me tirar a gravata e desabotoar o colarinho. Não se pode ter muita energia com a civilização à roda da pescoço...) Agora, sim, partamos, vá lá prá frente. Numa grande marche aux flambeaux-todas-as-cidades-da-Europa, Numa grande marcha guerreira a indústria, o comércio e ócio, Numa grande corrida, numa grande subida, numa grande descida Estrondeando, pulando, e tudo pulando comigo, Salto a saudar-te, Berro a saudar-te, Desencadeio-me a saudar-te, aos pinotes, aos pinos, aos guinos! Por isso é a ti que endereço Meus versos soltos, meus versos pulos, meus versos espasmos Os meus versos-ataques-histéricos, Os meus versos que arrastam o carro dos meus nervos. Aos trambolhões me inspiro, Mal podendo respirar, ter-me de pé me exalto, E os meus versos são eu não poder estoirar de viver. Abram-me todas as janelas! Arranquem-me todas as portas! Puxem a casa toda para cima de mim! Quero viver em liberdade no ar, Quero ter gestos fora do meu corpo, Quero correr como a chuva pelas paredes abaixo, Quero ser pisado nas estradas largas como as pedras, Quero ir, como as coisas pesadas, para o fundo dos mares, Com uma voluptuosidade que já está longe de mim! Não quero fechos nas portas! Não quero fechaduras nos cofres! Quero intercalar-me, imiscuir-me, ser levado, Quero que me façam pertença doida de qualquer outro, Que me despejem dos caixotes, Que me atirem aos mares, Que me vão buscar a casa com fins obscenos,
Ricardo Reis
Quero, Neera, que os teus lábios laves Na nascente tranquila Para que contra a tua febre e a triste Dor que pões em viver, Sintas a fresca e calma natureza Da água, e reconheças Que não têm penas nem desassossegos As ninfas das nascentes Nem mais soluços do que o som da água Alegre e natural. As nossas dores, não, Neera, vêm Das causas naturais Datam da alma e do infeliz fruir Da vida com os homens. Aprende pois, ó aprendiza jovem Das clássicas delícias, A não pôr mais tristeza que um suspiro No modo como vives. Nasceste pálida, deitando a regra Da tua vã beleza Sob a estólida fé das nossas mãos Medrosas de ter gozo Demasiado preso à desconfiança Que vem de teu saber, Não para essa vã mnemónica Do futuro fatal. Façamos vívidas grinaldas várias De sol, flores e risos Para ocultar o fundo fiel à Noite Do nosso pensamento Curvado já em vida sob a ideia Do plutónico jugo Cônscia já da lívida aguardança Do caos redivivo.
Gonçalves Dias
Kennst du das Land, wo die Citronen bluhen, Im dunkeln Laub die Gold-Orangen gluhen? Kennst du es wohl? — Dahin, dahin! Mocht' ich.... ziehn. GOETHE Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. Coimbra, julho de 1843. Publicado no livro Primeiros Cantos (1846). Poema integrante da série Poesias Americanas. In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.1 NOTA: A epígrafe é uma citação, com cortes, da primeira estrofe da balada "Mignon": Conheces o país onde florescem as laranjeiras?/ Ardem na escura fronde os frutos de ouro.../ Conhecê-lo?/ Para lá, para lá,/ quisera eu ir! (Trad. Manuel Bandeira
Gonçalves Dias
Meere und Berge und Horizonte zwischen den Liedenben — aber die Seelen versetzen sich aus dem staubigen Kerker und treffen sich im Paradiese der Liebe. SCHILLER. Die Rauber. Se se morre de amor! — Não, não se morre, Quando é fascinação que nos surpreende De ruidoso sarau entre os festejos; Quando luzes, calor, orquestra e flores Assomos de prazer nos raiam n'alma, Que embelezada e solta em tal ambiente No que ouve, e no que vê prazer alcança! (...) Amor é vida; é ter constantemente Alma, sentidos, coração — abertos, Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos, D'altas virtudes, té capaz de crimes! Compr'ender o infinito, a imensidade, E a natureza e Deus; gostar dos campos, D'aves, flores, murmúrios solitários; Buscar tristeza, a soledade, o ermo, E ter o coração em riso e festa; E à branda festa, ao riso da nossa alma Fontes de pranto intercalar sem custo Conhecer o prazer e a desventura No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto O ditoso, o misérrimo dos entes: Isso é amor, e desse amor se morre! Amar, e não saber, não ter coragem Para dizer que amor que em nós sentimos; Temer qu'olhos profanos nos devassem O templo, onde a melhor porção da vida Se concentra; onde avaros recatamos Essa fonte de amor, esses tesouros Inesgotáveis, d'ilusões floridas; Sentir, sem que se veja, a quem se adora, Compr'ender, sem ouvir, seus pensamentos, Segui-la, sem poder fitar seus olhos, Amá-la, sem ousar dizer que amamos, E, temendo roçar os seus vestidos, Arder por afogá-la em mil abraços: Isso é amor, e desse amor se morre! (...) Publicado no livro Cantos (1857). Poema integrante da série Novos Cantos. In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.
Gonçalves Dias
Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci: Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi. (...) Andei longes terras, Lidei cruas guerras, Vaguei pelas serras Dos vis Aimorés; Vi lutas de bravos, Vi fortes — escravos! De estranhos ignavos Calcados aos pés. E os campos talados, E os arcos quebrados, E os piagas coitados Já sem maracás; E os meigos cantores, Servindo a senhores, Que vinham traidores, Com mostras de paz. Aos golpes do imigo Meu último amigo, Sem lar, sem abrigo Caiu junto a mi! Com plácido rosto, Sereno e composto, O acerbo desgosto Comigo sofri. Meu pai a meu lado Já cego e quebrado, De penas ralado, Firmava-se em mi: Nós ambos, mesquinhos, Por ínvios caminhos, Cobertos d'espinhos Chegamos aqui! (...) Então, forasteiro, Caí prisioneiro De um troço guerreiro Com que me encontrei: O cru dessossego Do pai fraco e cego, Enquanto não chego, Qual seja, — dizei! Eu era o seu guia Na noite sombria, A só alegria Que Deus lhe deixou: Em mim se apoiava, Em mim se firmava, Em mim descansava, Que filho lhe sou. Ao velho coitado De penas ralado, Já cego e quebrado, Que resta? — Morrer. Enquanto descreve O giro tão breve Da vida que teve, Deixai-me viver! Não vil, não ignavo, Mas forte, mas bravo, Serei vosso escravo: Aqui virei ter. Guerreiros, não coro Do pranto que choro; Se a vida deploro, Também sei morrer. (. . .) Imagem - 00250001 Publicado no livro Últimos Cantos (1851). Poema integrante da série Poesias Americanas. In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.
Gonçalves Dias
Coeur sans amour est un jardin sans fleur. L. HALEVY Se me queres a teus pés ajoelhado, Ufano de me ver por ti rendido, Ou já em mudas lágrimas banhado; Volve, impiedosa, Volve-me os olhos; Basta uma vez! Se me queres de rojo sobre a terra, Beijando a fímbria dos vestidos teus, Calando as queixas que meu peito encerra, Dize-me, ingrata, Dize-me: eu quero! Basta uma vez! Mas se antes folgas de me ouvir na lira Louvor singelo dos amores meus, Por que minha alma há tanto em vão suspira; Dize-me, ó bela Dize-me: eu te amo! Basta uma vez! Publicado no livro Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848). Poema integrante da série Segundos Cantos. In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.
Gonçalves Dias
Pensas tu, bela Anarda, que os poetas Vivem d'ar, de perfumes, d'ambrosia, Que vagando por mares d'harmonia São melhores que as próprias borboletas? Não creias que eles sejam tão patetas, Isso é bom, muito bom mas em poesia, São contos com que a velha o sono cria No menino que engorda a comer petas! Talvez mesmo que algum desses brejeiros Te diga que assim é, que os dessa gente Não são lá dos heróis mais verdadeiros. Eu que sou pecador, — que indiferente Não me julgo ao que toca aos meus parceiros, Julgo um beijo sem fim cousa excelente. Rio de Janeiro, 1848. Publicado no livro Obras Póstumas: precedidas de uma notícia da sua vida e obras pelo Dr. Antônio Henriques Leal (1868/1869). In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.