Pensas tu, bela Anarda, que os poetas Vivem d'ar, de perfumes, d'ambrosia, Que vagando por mares d'harmonia São melhores que as próprias borboletas? Não creias que eles sejam tão patetas, Isso é bom, muito bom mas em poesia, São contos com que a velha o sono cria No menino que engorda a comer petas! Talvez mesmo que algum desses brejeiros Te diga que assim é, que os dessa gente Não são lá dos heróis mais verdadeiros. Eu que sou pecador, — que indiferente Não me julgo ao que toca aos meus parceiros, Julgo um beijo sem fim cousa excelente. Rio de Janeiro, 1848. Publicado no livro Obras Póstumas: precedidas de uma notícia da sua vida e obras pelo Dr. Antônio Henriques Leal (1868/1869). In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.