Resplandece o Olimpo. Júpiter está sentado... no Alto da Serra, mais fulgurante do que um sol. Mercúrio, Apolo, Marte, Netuno, Minerva, Plutão, estão sentados mais abaixo, em atitude respeitosa. Gênios alados correm o cenário, oferecendo aos deuses copos de caldo de cana e caprade.
Júpiter
Não falta nenhum deus? Estamos todos, não? Vai começar...
Apolo
...A Inana
Júpiter (severo)
Aquiete-se!... A Sessão!
Como sabeis, aí vem o Carnaval. Vejamos: Não brincaremos também? Não nos fantasiamos? Quero, entre os ideais com que me preocupo, Dar um exemplo ao povo, organizando um grupo.
(...)
Se saíssemos nós sem braços e em salmoura Para representar o Grupo da Lavoura! Mas não convém baixar o preço do café... Tome a palavra alguém! Netuno, por quem é... Salva esta situação!
Netuno
Lá vou! Estou pensando... Podíamos sair todos sete... imitando Uns sete Aquidabãs, como um ar aborrecido Voltando para o porto... antes de ter saído: Seria essa a alusão melhor do Carnaval!
Plutão
E o nome do Cordão?
Netuno
Grupo Glória Naval!
(...)
Minerva
Eu já tinha pensado em um grande cordão Com tudo o que se disse aqui num carroção: Hidra, Aquidabã, Abel, Lavoura e Notas, E por cima de tudo um mineiro com botas! Mas, ó povo! Com essa quebradeira Por que não pensar em simples zé-pereira, Com três caixas, um bumbo e o nosso bom humor?
(...)
Coro
Se o Padre Santo soubesse O gostinho que isto tem, Vinha de Roma até cá Tocar zabumba também. (Cai o pano.)
In: BILAC, Olavo. Poesia. Org. Alceu Amoroso Lima. Rio de Janeiro: Agir, 1957. p.33-37. (Nossos clássicos, 2