Onde acharei lugar tão apartado E tão isento em tudo da ventura, Que, não digo eu de humana criatura, Mas nem de feras seja frequentado?
Algum bosque medonho e carregado, Ou selva solitária, triste e escura, Sem fonte clara ou plácida verdura, Enfim, lugar conforme a meu cuidado?
Porque ali, nas entranhas dos penedos, Em vida morto, sepultado em vida, Me queixe copiosa e livremente;
Que, pois a minha pena é sem medida, Ali triste serei em dias ledos E dias tristes me farão contente.